O que me vem à cabeça nesse momento é um trecho do documentário The September Issue, sobre a Vogue America, no qual Anna Wintour fala sobre quando seu pai, um respeitado jornalista inglês, decide se aposentar. Curiosa, já que ele gostava tanto da profissão, ela o questiona: “é porque me aborreço demais“, respondeu. Eu dou razão a ele.
No começo de 2008, época em que blog era novidade no Brasil, eu criei esse espaço. Novidade & internet só poderia resultar em uma coisa: boom. E ele veio, ô se veio. De um ano para outro, uma profusão de blogs nasceu. “Bacana”, cheguei a pensar, afinal nunca foi tão fácil dar impulso à sua criatividade e paixão/talento e ainda atingir um número sem igual de pessoas. Mas não foi o que aconteceu: o nonsense imperou e tudo ficou muito parecido. Mesmos looks, mesmas marcas, mesmas it bags, poses e claro, conteúdo (nem quero me aprofundar nos layouts, no texto mal escrito, nas imagens). E ao mesmo tempo, nada. É (a mesma) informação disseminada de diversas maneiras, em todo lugar. Quem não tem blog hoje? Mas quem tem um blog realmente diferenciado? Cansou? Sim, mas quem se reinventa?
Crítica como eu sou, com os outros e sem a menor piedade comigo mesma, sei que estou no meio do emaranhado. E confusa, muito confusa. Querendo sair, fui atrás de informação, de um sopro de criatividade, novidade. Viajei, fui ao Vogue Festival, ao Moda Camp, li livros, assisti a documentários, pesquisei muito em sites, conversei com pessoas da área, com leitoras, blogueiras e gente que nem entra em blog nenhum. Voltei sem respostas e com mais perguntas. Mas o estranho é que é um assunto que ninguém comenta se você não instigar! Mesmo encontrando outras blogueiras desanimadas com a situação atual e pessoas dizendo que o boom passou e que agora é uma fase de transição (para onde, ninguém sabe) todo mundo fica na sua, ninguém debate. Por isso estou aqui, chutando o balde para ver no que vai dar.
E aí fui me desanimando com essa avalanche de pontos.com. E cada post virou um tormento: será que está diferente o suficiente dos outros? Criativo? Essa informação é relevante? E no meio de tantos pensamentos, eles foram ficando de lado, só no rascunho. Eu adoraria ter uma resposta bem incentivadora para dar no grand finale desse post, mas não, não tenho. Mas gosto do questionamento e das possibilidades que ele pode me mostrar e aos poucos consigo delinear uma mudança aqui. É muito penoso, minha cabeça ferve (as amigas próximas e a minha terapeuta que o digam!) porque se reinventar, fazer de forma diferente o que se faz é virar do avesso sua criatividade, suas ideias, seu comodismo. Sendo brutalmente sincera, acho que é isso que os blogs de moda e beleza precisam, urgentemente, fazer. Sinto que dizer “sou blogueira de moda” não me representa mais.
E então qual o futuro, tão promissor pouco tempo atrás, dessa turma toda? E o que, de fato, estamos produzindo e criando para todos esses leitores e seguidores no facebook, twitter, instagram?
Ensaiei muito para escrever esse post – como tantos outros ultimamente – mas minha inquietude me levou adiante. E que ela me leve para algo a mais. Vou adorar saber o que vocês pensam. Se sintam à vontade, vocês ajudaram no ibope e nada mais justo que o espaço aqui também seja de vocês.
Beijos,