Eu, como toda adoradora de moda, amo uma revista. Compro e assino várias, é algo que deixa o meu mês mais completo. Incluindo minha obsessão eterna por layouts, imagens e textos inspiradores, não há páginas que sejam suficientes!
E a revista Vogue Brasil desse mês me encantou primeiro pela sua capa – apaixonante – e depois por um ótimo texto divertidíssimo e cheio de verdades de Bruno Astuto.
A edição de abril tem duas capas na verdade: uma com a modelo Rosie Huntington-Whiteley (aquela que atuou no filme Transformers e desde então aparece em mil matérias como se tivesse ganhado um Oscar – não aguento mais, confesso) e essa, com a modelo Aline Weber, linda, linda, vestindo Dolce&Gabbana (saia, top e brincos) e clutch Schutz. Eu olho essa capa e tenho vontade imediata de tudo, até da faixa de cabelo. Uma imagem que realmente me impactou, por ser leve, delicada mas com uma mistura de estampas e tons que a deixa mais divertida. Bravo!
E a coluna do Bruno Astuto, a Jet Legging? Imperdível! Dentre os buxixos das semanas de moda internacionais, da profusão de pele nos desfiles, merece destaque a parte que ele fala das street setters. Eu tive que reproduzir parte do texto aqui no blog!
(…) Voltando ao fogo cruzado: Suzy Menkes chegou a Paris re-vol-ta-da com as blogueiras e as figuras do street-style. Disse, em entrevista, que as considera figuras de circo, que atrapalham a seriedade da cobertura jornalística, que só pensam em posar para as fotos. Suzy tem razão, mas não deveria se levar tão a sério. Eu sempre me diverti no circo – às vezes na plateia, outras no picadeiro.
Adorei o termo cunhado por nossa diretora de redação, Daniela Falcão, quando tentávamos sair do furdunço formado por essas moças circenses na saída do desfile da Chanel. “São street-setters”, resumiu. O jet set, realmente, já era, depois que frequentar aeroportos virou programa de índio. As street-setters não precisam tirar seus sapatinhos altíssimos para passar no raio X. O raio X delas é o olho das internautas que devoram seus looks no Instagram e no Vine. Elas viajam para as semanas de moda mesmo que não tenham convite para um único desfile. Vão e vêm pelas ruas de Londres, Paris, Milão e Nova York sempre correndo, como se estivessem atrasadas para o show. Assim que veem os fotógrafos, montadésimas, dão aquela paradinha estratégica de pezinhos cruzados e mão na cintura. Coisa muito rápida – afinal, um desfile as aguarda (ou não).
As street-setters têm o look da hora, o casaco que não chegou à loja, o cabelo dentro da blusa, o colar virado para trás e muitos, muitos acessórios. Se vierem de um país exótico, tipo Bulgária ou Cazaquistão, é a glória. Geralmente, não são vistas se acabando em festas até as 3h da manhã, porque precisam estar frescas para os desfiles matinais (os fotógrafos de street style não trabalham à noite). Ninguém sabe o nome da mãe, do pai, onde estudaram ou se estudaram; elas são verdadeiras esfinges e o importante aqui não é ser, mas parecer.
(…) E há as que saem tão bem na foto que chegam a algum lugar. Caso de Tamu McPherson, que virou diretora de moda da Grazia italiana depois de cinco anos andando de lá pra cá; de Anya Ziourova, editora de moda da Tatler russa; da norueguesa Hanneli Mustaparta, modelo-fotógrafa-blogueira-stylist-VJ que acaba da abocanhar uma campanha de jeans da Rag&Bone. Nesse grupo, a deusa é a russa Ulyana Sargeenko, cuja primeira aparição eu testemunhei algumas estações atrás, num desfile da Dior, em que ela surgiu numa versão couture de matrioshka folclórica. Hoje tem sua própria marca de alta-costura, que raramente usa nas ruas. Prefere seu bom e novo Chanel.
No Brasil, não há street-setters por um motivo simples: quem haverá de andar por aí de salto 15 nas calçadas esburacadas sem um bom plano de saúde dinamarquês na clutch? Suzy Menkes, venha para cá – ainda existem matas virgens neste mundo insano.
Sensacional! Mas confesso que admiro a ousadia em seus looks e o talento no styling. Por isso que continuam nos inspirando.
PS: E ainda tem os 7 mandamentos das street-setters para serem fotografadas, tudo na página 58 da revista.